E quem és tu, Orgulho louco de teus vinte anos, Que longe desses meus quarenta anos, Se ilude sem saber que nesta idade, Quase todos, vão buscando paz, E quem és tu, Que gostas de só me fazer carinho, E um dia me chamaste, "papaizinho", De noite em vez de homem, sou tão menino, Tenho chorado, tanto em meus sonhos. E quem és tu, És amor que nessa minha idade mata, O mesmo amor que agora só te encanta, E aos quarenta já não há mais tempo, Não se enamora, não vive mais, Não vive mais. E quem és tu, Que tudo pedes e em troca, nada tu me dás, Se cruelmente um dia, partirás, Com a inconsciência própria da tua idade, E então, vida minha, não entenderás, Não entenderás.